segunda-feira, 14 de março de 2016

Fábio Berghan: O Luthier

O luthier Fábio Berghan é um daqueles casos da pessoa certa, na profissão certa, e para nossa felicidade, no local certo. Calmo e caprichoso, Fábio é daqueles caras que quem conhece valoriza e admira na hora. Ótimo profissional, vem preenchendo uma lacuna existente por décadas aqui na cidade: a de um luthier para construção, reparos e regulagens de instrumentos musicas. Parte importantíssima para qualquer músico que queira se apresentar de forma profissional. Outra chance para conhecermos e desvendarmos mais uma parte da nossa  cena. Por Paulo Reis.

[Grito Coletivo] Quando e como você iniciou a carreira de luthier?
[Fábio Berghan] Desenvolvo a técnica de Luthieria desde 2002. Herdei o dom musical do meu pai, tocador de violão e componente da banda “The Cavers” dos anos 60. Observando o meu pai aprendi a tocar violão, ainda criança. Aos 08 anos já construi meu primeiro violão de forma artesanal, com pedaços de eucatex (corpo do violão) e uma lata (caixa de ressonância), fios de nylon (cordas).​ Ao participar do projeto social ARTE-FATO em Palmas-TO, em 2002, conheci a oficina de construção de instrumentos musicais. Desde então desenvolvo técnicas para construir de forma artesanal instrumentos musicais com a utilização de madeiras nobres (nacionais e importadas). Aprendi a construir instrumentos musicais observando e pesquisando o trabalho de outros luthiers e livros específicos sobre o assunto. Para aprimorar o trabalho participei em 2013 do Curso de Luthieria com os luthiers Luciano Borges (Araguari-MG) e Robert Obrien (Professor de Luthieria Parker- Colorado- EUA).

[Grito Coletivo] Você é músico também? Que instrumentos toca?
Diariamente pessoas fazem essa pergunta em meu atelier. Muita gente acredita que o luthier também é um excelente músico. Na verdade não é bem assim. Para ser luthier não necessariamente precisa ser músico, mas claro precisa ter uma noção. Eu toco um pouco de cada instrumento mais o meu instrumento primordial é o violão.

[Grito Coletivo] Trabalhou com instrumentos em outra(s) cidade(s) antes de São Francisco do Sul?
[Fábio Berghan] Como hobby me aproximei da luthieria em Palmas – TO e Itati- RS. Profissionalmente somente em São Francisco do Sul-SC.

[Grito Coletivo] No inicio você era professor e trabalhava com instrumentos no tempo que sobrava correto? Como e porque decidiu dedicar-se totalmente ao oficio de luthier?
[Fábio Berghan] Sim, trabalhei alguns anos como professor de ciências e biologia. Sempre tive vontade de me dedicar integralmente à luthieria. Fiz uma opção em deixar de lecionar em 2014 e desde então faço reparos em instrumentos musicais, construo instrumentos como violão, ukulele, cavaco, banjo, cajón e cases.  Importante no início de minha atividade foi a indicação do meu trabalho por amigos, especialmente da Loja de Instrumentos Musicais da cidade, Rockilha, na pessoa de Paulo Reis.

[Grito Coletivo] Você é o primeiro profissional desta área a atuar na cidade, os músicos daqui sabem valorizar a sua profissão e seus trabalhos?
[Fábio Berghan] Acredito que sim. Impressiona-me a quantidade de músicos aqui em São Chico. Também há pessoas que me procuram provenientes de outras cidades (Joinville, Blumenau, Itajaí, Jaraguá...), inclusive de outros estados PR e RJ. Mas a maioria vem indicados por pessoas da cidade. Já ouvi comentários que valorizaram a profissão da luthieria na cidade de SFS.

[Grito Coletivo] Eu já tive oportunidade de experimentar dois violões, dois ukuleles e alguns cajons feitos por você. Instrumentos excepcionais, diga-se de passagem, mas como é o campo para venda de instrumentos artesanais aqui na cidade?
[Fábio Berghan] Tenho vendido alguns instrumentos para músicos da cidade, porém a maior parte das vendas eu faço via internet. As pessoas da cidade procuram mais os reparos e regulagens em instrumentos, tendo em vista o grande público que utiliza instrumentos musicais na cidade (bandas, igrejas, pessoas que fazem apresentações, etc)

[Grito Coletivo] Qual o instrumento você mais recebe para ajustes e reparos?
[Fábio Berghan] Primeiramente o violão, depois a guitarra.

[Grito Coletivo] Conhece o trabalho autoral de algum artista daqui, quem?
[Fábio Berghan] Sim, Paulo Reis, Tiago Constante, Edson Bernstorff, Gauchinho.

[Grito Coletivo] Olhando da sua área de atuação na cadeia produtiva da música, como enxerga a cena musical São Chicana?
[Fábio Berghan] Vejo que há muitas boas iniciativas musicais, várias bandas, pessoas que se dedicam à composição e exposição da música na cidade, porém falta um maior entrosamento entre os diversos setores musicais, bem como incentivo e valorização do poder público voltado para a cultura local. Antes de haver um profissional de luthieria na cidade, muitas pessoas não conheciam o trabalho e o retorno do mesmo para seu instrumento. Ao perceber que uma regulagem melhora o desempenho do instrumento houve uma maior procura de músicos pelo luthier. Também por ter um profissional acaba tendo uma maior procura por acessórios musicais na cidade.

[Grito Coletivo] Existem dificuldades na área que você atua aqui na cidade, quais?
[Fábio Berghan] Por ser um trabalho que exige paciência e cuidado, as pessoas querem um retorno imediato do instrumento, no caso de reparos. Há casos em que são necessários dois dias ou uma semana para fazer o reparo no instrumento, considerando a quantidade de serviço que está na frente.

[Grito Coletivo] Qual a maior eficiência e a maior deficiência da música São Chicana?
[Fábio Berghan] Creio que a maior eficiência é a quantidade de músicos que a cidade possui e a maior deficiência é a falta de eventos para exposição da classe artística de São Chico.

[Grito Coletivo] Algum instrumento especial sendo construindo no momento?
[Fábio Berghan] Estou concluindo um violão Clássico, construindo um banjo e dois cajóns. Logo mais iniciarei um cavaco.

[Grito Coletivo] Quais os objetivos para 2016?
[Fábio Berghan] Para 2016 pretendo divulgar mais meu trabalho na região. Também registrar empresa e colocar venda no cartão.


Palavras Finais: Agradeço ao blog Grito Coletivo pela oportunidade de apresentar meu trabalho através desta entrevista. Iniciativas como essa são importantíssimas para divulgação e união dos artistas da cidade. Desejo que haja cada mais entrosamento entre a classe artística musical da cidade e que os dons artísticos locais sejam divulgados e valorizados. Minha oficina está à disposição para quem quiser conhecer a arte da luthieria (Alameda Ipiranga, 219 - Centro).


Face 2

Telefones: 3444-1279 – 96888325

Nenhum comentário:

Postar um comentário