O luthier Fábio Berghan é um daqueles casos da pessoa certa, na profissão certa, e para nossa felicidade, no local certo. Calmo e caprichoso, Fábio é daqueles caras que quem conhece valoriza e admira na hora. Ótimo profissional, vem preenchendo uma lacuna existente por décadas aqui na cidade: a de um luthier para construção, reparos e regulagens de instrumentos musicas. Parte importantíssima para qualquer músico que queira se apresentar de forma profissional. Outra chance para conhecermos e desvendarmos mais uma parte da nossa cena. Por Paulo Reis.
[Grito
Coletivo] Quando e como você iniciou a carreira de luthier?
[Fábio Berghan] Desenvolvo a técnica de Luthieria desde 2002. Herdei o dom musical
do meu pai, tocador de violão e componente da banda “The Cavers” dos anos 60.
Observando o meu pai aprendi a tocar violão, ainda criança. Aos 08 anos já
construi meu primeiro violão de forma artesanal, com pedaços de eucatex (corpo
do violão) e uma lata (caixa de ressonância), fios de nylon (cordas). Ao participar do projeto social ARTE-FATO em
Palmas-TO, em 2002, conheci a oficina de construção de instrumentos musicais.
Desde então desenvolvo técnicas para construir de forma artesanal instrumentos
musicais com a utilização de madeiras nobres (nacionais e importadas). Aprendi a
construir instrumentos musicais observando e pesquisando o trabalho de outros
luthiers e livros específicos sobre o assunto. Para
aprimorar o trabalho participei em 2013 do Curso de Luthieria com os luthiers Luciano Borges (Araguari-MG) e Robert Obrien (Professor de Luthieria Parker- Colorado- EUA).
[Grito Coletivo] Você é músico também?
Que instrumentos toca?
Diariamente pessoas fazem essa pergunta em meu atelier.
Muita gente acredita que o luthier também é um excelente músico. Na verdade não
é bem assim. Para ser luthier não necessariamente precisa ser músico, mas claro
precisa ter uma noção. Eu toco um pouco de cada instrumento mais o meu
instrumento primordial é o violão.
[Grito
Coletivo] Trabalhou com instrumentos em outra(s) cidade(s) antes de São
Francisco do Sul?
[Fábio Berghan] Como
hobby me aproximei da luthieria em Palmas – TO e Itati- RS. Profissionalmente somente em São Francisco do Sul-SC.
[Grito
Coletivo] No inicio você era professor e trabalhava com instrumentos no tempo
que sobrava correto? Como e porque decidiu dedicar-se totalmente ao oficio de
luthier?
[Fábio Berghan] Sim,
trabalhei alguns anos como professor de ciências e biologia. Sempre tive
vontade de me dedicar integralmente à luthieria. Fiz uma opção em deixar de
lecionar em 2014 e desde então faço reparos em instrumentos musicais, construo
instrumentos como violão, ukulele, cavaco, banjo, cajón e cases. Importante no início de minha atividade foi a
indicação do meu trabalho por amigos, especialmente da Loja de Instrumentos
Musicais da cidade, Rockilha, na pessoa de Paulo Reis.
[Grito
Coletivo] Você é o primeiro profissional desta área a atuar na cidade, os
músicos daqui sabem valorizar a sua profissão e seus trabalhos?
[Fábio Berghan] Acredito
que sim. Impressiona-me a quantidade de músicos aqui em São Chico. Também há
pessoas que me procuram provenientes de outras cidades (Joinville, Blumenau,
Itajaí, Jaraguá...), inclusive de outros estados PR e RJ. Mas a maioria vem
indicados por pessoas da cidade. Já ouvi comentários que valorizaram a
profissão da luthieria na cidade de SFS.
[Grito
Coletivo] Eu já tive oportunidade de experimentar dois violões, dois ukuleles e
alguns cajons feitos por você. Instrumentos excepcionais, diga-se de passagem,
mas como é o campo para venda de instrumentos artesanais aqui na cidade?
[Fábio Berghan] Tenho
vendido alguns instrumentos para músicos da cidade, porém a maior parte das
vendas eu faço via internet. As pessoas da cidade procuram mais os reparos e
regulagens em instrumentos, tendo em vista o grande público que utiliza
instrumentos musicais na cidade (bandas, igrejas, pessoas que fazem
apresentações, etc)
[Grito
Coletivo] Qual o instrumento você mais recebe para ajustes e reparos?
[Fábio Berghan] Primeiramente
o violão, depois a guitarra.
[Grito
Coletivo] Conhece o trabalho autoral de algum artista daqui, quem?
[Fábio Berghan] Sim,
Paulo Reis, Tiago Constante, Edson Bernstorff, Gauchinho.
[Grito
Coletivo] Olhando da sua área de atuação na cadeia produtiva da música, como
enxerga a cena musical São Chicana?
[Fábio Berghan] Vejo
que há muitas boas iniciativas musicais, várias bandas, pessoas que se dedicam
à composição e exposição da música na cidade, porém falta um maior entrosamento
entre os diversos setores musicais, bem como incentivo e valorização do poder
público voltado para a cultura local. Antes de haver um profissional de
luthieria na cidade, muitas pessoas não conheciam o trabalho e o retorno do
mesmo para seu instrumento. Ao perceber que uma regulagem melhora o desempenho
do instrumento houve uma maior procura de músicos pelo luthier. Também por ter
um profissional acaba tendo uma maior procura por acessórios musicais na
cidade.
[Grito
Coletivo] Existem dificuldades na área que você atua aqui na cidade, quais?
[Fábio Berghan] Por
ser um trabalho que exige paciência e cuidado, as pessoas querem um retorno
imediato do instrumento, no caso de reparos. Há casos em que são necessários
dois dias ou uma semana para fazer o reparo no instrumento, considerando a
quantidade de serviço que está na frente.
[Grito
Coletivo] Qual a maior eficiência e a maior deficiência da música São Chicana?
[Fábio Berghan] Creio
que a maior eficiência é a quantidade de músicos que a cidade possui e a maior
deficiência é a falta de eventos para exposição da classe artística de São
Chico.
[Grito
Coletivo] Algum instrumento especial sendo construindo no momento?
[Fábio Berghan] Estou
concluindo um violão Clássico, construindo um banjo e dois cajóns. Logo mais iniciarei
um cavaco.
[Grito
Coletivo] Quais os objetivos para 2016?
[Fábio Berghan] Para
2016 pretendo divulgar mais meu trabalho na região. Também registrar empresa e
colocar venda no cartão.
Palavras Finais: Agradeço ao blog Grito Coletivo pela
oportunidade de apresentar meu trabalho através desta entrevista. Iniciativas
como essa são importantíssimas para divulgação e união dos artistas da cidade. Desejo
que haja cada mais entrosamento entre a classe artística musical da cidade e
que os dons artísticos locais sejam divulgados e valorizados. Minha oficina
está à disposição para quem quiser conhecer a arte da luthieria (Alameda
Ipiranga, 219 - Centro).
Face 2
E-mail: fabioberg@bol.com.br
Telefones: 3444-1279 – 96888325
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