O panorama
A realidade artística em São
Chico sempre foi: ótimos artistas e cena fria. Num resumo curto e grosso: um
evento ou dois por ano e nenhum reconhecimento do nosso cenário rock pelas
mídias de informação e muito menos pelo poder público. Décadas de bandas
surgindo e sumindo numa velocidade desanimadora, deixando poucos registros. A
realidade era essa, era sentar e ver o ciclo se repetir.
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Parte da Diretoria da Ecos em reunião! |
Nessa necessidade e vontade de
aquecer a cena musical desenvolvi, junto com o Tiago Constante, várias ações e
projetos, incluindo um circuito de música independente, que criaria uma agenda
para que a cena tivesse circulação de bandas de todos os estilos ao menos uma
vez ao mês, durante o ano todo. Estas ações incluíam também criar ou
desenvolver setores importantes para a evolução da cena: vídeo, fotografia,
gravação, produção e etc. Para isso precisaríamos tentar reunir não só os
músicos, mas toda a cadeia produtiva da música aqui da cidade. Então resolvemos
criar a associação. Neste processo, descobrimos que um grupo já havia, um ou
dois anos antes, tentado criar uma, mas sem sucesso. Então resolvemos partir
dai, com eles e de onde haviam parado. Nascia ai, há 06 anos atrás, a Ecos
Cultural, primeira associação do Rock Francisquense, que apesar da curta vida, pouco
mais de 02 anos, mostrou, pelo bem e pelo mal o que um grupo pode fazer por uma
cena.
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Banda Harvau no Rock Island. |
E foi nesta realidade que em 2009
surgiu a Ecos Cultural. Pela primeira vez não só se encarava sem medo a cena, mas tentava-se compreende-la. Pela
primeira vez se enxergava uma cadeia produtiva, analisava-se, encontravam-se os
problemas e buscava-se, em grupo, encontrar as soluções. Era a primeira vez, e
sem volta, que se via a cena e todos que faziam parte direta e indiretamente
dela.
O bem
O resultado foi a realização de
08 projetos que resultaram na viabilização de mais de 40 shows de rock apenas
nos 12 primeiros meses de atuação. O primeiro estreitamento entre a classe e
poder público. Abriu espaço e mostrou a cena para os principais jornais e
mídias de informação do estado. O primeiro cadastramento dos artistas do
município. Um primeiro contato e preocupação com a documentação histórica,
fotográfica e cinematográfica da classe musical da cidade. Sem contar as
inúmeras e importantes articulações e intercâmbios que rendem frutos até hoje.
Este foi um resumo do que de bom pode-se conseguir com um grupo focado e
disposto a trabalhar por um objetivo.
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Banda Kid Natasha no Grito Rock São Chico. |
O mal
Lógico que inserir a burocracia
de uma associação e tentar entender e dar vida a um mercado inexistente e sem
capital em um grupo de artistas cobraria seu preço e logo os 12 meses seguintes
mostrariam bem isso. As diversas filosofias do que uma associação deveria ou
não ser, começaram a desmembrar o grupo que aos poucos mais criavam problemas
do que conseguiam resolve-los. E a Ecos não passou dos seus 02 anos, tempo
permitido por estatuto, que um presidente e sua junta fizessem seu trabalho,
até a próxima eleição.
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Banquinha montada nos eventos para a
comercialização e divulgação dos
materiais das bandas. |
A reação em cadeia
Nem tudo se perde e com o fim da
associação vários grupos nasceram e decidiram que poderiam realizar seus
próprios projetos, da maneira que acreditavam ser a mais correta. Outros não atuam
mais na arte. De um fim aparentemente truculento se deu uma reação em cadeia
que rende lentamente frutos ainda hoje.
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Paulo Reis em entrevista com Humberto
Gessinger para a revista Grito Coletivo. |
Várias bandas decidiram fazer por
conta e canalizaram ainda mais suas forças na viabilização dos próprios shows e
alguns tentaram em grupo. Um destes foi o Grito Coletivo, que numa tentativa,
menos burocrática, agrupava por interesse real no trabalho com a cena. Faziam
parte do Grito Coletivo: 2K Estúdio,
primeiro Estúdio de gravação a produzir a cena autoral da cidade. Continua seus
trabalhos primorosamente até os dias atuais. Rock Island, bar rock que abrigou vários dos projetos e shows
realizados no período de atuação do coletivo. Película Rock, primeiro coletivo interessado em juntar e produzir
conteúdo audiovisual da cena rock São Chicana. Mesmo a passos lentos continua
seus trabalhos. My Owl Things,
design, fotografia e audiovisual altamente artístico que atua até os dias de
hoje. (In)Constante Arte independente,
produtor de conteúdo artístico que atua também até os dias de hoje. Rockilha Instrumentos Musicais, loja
que à 13 anos apoia e patrocina muitos dos projetos da cena artística
francisquense. O resultado desta união? Em um ano 06 projetos que viabilizaram
mais de 22 shows de rock, uma revista digital e criou, fomentou e distribuiu
muita informação e aprofundou ainda mais a relação com os jornais e mídias de
informação do estado.
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Equipe Película Rock/2K Estúdio/
My Owl Things/(in)Constante Arte
Independente e banda Thrash
Avenger na gravação do clípe Chronos. |
No fim das contas
Desavenças a parte, todos nós
sabemos que certos preços são necessários serem pagos para que futuramente
possamos alcançar certos objetivos. É preciso dar inicio para que outras
gerações tenham o que dar continuidade. Já é dito por ai que quem não conhece
sua história está fadado a repeti-la.
Ecos Cultural - http://ecoscultural.blogspot.com.br/
Rock
Island - http://www.rockislandfestival.blogspot.com.br/
Grito Coletivo - http://gritocoletivo.blogspot.com.br/
Película Rock - http://pelicularock.blogspot.com.br/
2K Estúdio - http://www.2kestudio.com.br/
(In)Constante - http://inconstantedesign.blogspot.com.br/2013/02/inconstante-arte-independente.html
My Owl Things - http://myowlthings.blogspot.com.br/