domingo, 28 de fevereiro de 2016

Nuvem: a retomada.

A banda Nuvem, formada em 2006, tem como integrantes Doga (guitarra e voz), Jan (baixo e vocais) e Jô Barba (bateria e vocais). Todos são bem conhecidos na cena São Chicana. Com esta formação a banda iniciou em 2015 seu trabalho autoral e vem ganhando espaço rapidamente e se tornando uma das bandas mais atuantes da cena atual. Doga também tem um belo histórico como produtor, tendo realizado vários festivais importantes ao longo dos últimos 15 anos.  Por Paulo Reis.

[Grito Coletivo] Ano de formação da banda?
[Nuvem] (Jan) A primeira formação em foi novembro de 2006, então 2010 com a saída de um integrante ficamos um período parados. E finalmente 2014 retornamos como trio.

[Grito Coletivo] Que som vocês vem fazendo?
[Nuvem] (Jô) Estamos trabalhando em dois projetos paralelos: Estamos compondo e solidificando nosso repertório de covers.

Nuvem no Bar do Museu.
[Grito Coletivo] Quais as influências para o som de vocês?
[Nuvem] (Jô) No caso das músicas autorais podemos dizer que temos uma forte tendência à sonoridade Grunge e o rock brasileiro dos anos 80/90. E no nosso repertório de covers trabalhamos vários estilos dentro do universo do Rock.

[Grito Coletivo] A banda parece estar num ótimo momento, ao que se deve?
[Nuvem] (Doga) Acredito que o principal é a amizade e o respeito que cultivamos durante esses longos anos. Aprendemos a trabalhar como banda, no sentido da responsabilidade, dedicação e compreensão. (Jan) Com isso você junta os ensaios regulares, apresentações agendadas e novas canções sendo compostas. (Jô) É isso motiva e solidifica cada vez mais o grupo. 

[Grito Coletivo] Grande parte da sua carreira foi com o violão como instrumento central, como foi esta transição para a guitarra?
[Nuvem] Estou aprendendo a lidar com o conjunto Guitarra + Cubo + Pedais de Efeito. No meu caso sou a única guitarra e o vocal principal na Nuvem. É um desafio controlar as duas funções, porém estou aprendendo um pouco a cada dia. No meu tempo.  

[Grito Coletivo] Como o público tem reagido aos sons autorais nos shows de vocês
[Nuvem] (Jan) Reage bem, né? (Doga) Sim, geralmente o público que sai pra noite não costuma prestar muito atenção nas canções autorais. Porém tenho notado que nossos sons têm agradado. E sempre tem alguém que presta atenção e ai a noite valeu a pena!

[Grito Coletivo] Já estão em estúdio trabalhando material, é isso mesmo?
[Nuvem] (Jô) No início de março começa nosso contato com estúdio. (Doga) No momento estamos compondo, porém já temos 5 canções autorais que incluímos nas nossas apresentações regulares.

[Grito Coletivo] Diogo, você sempre este envolvido com gestão e produção, e realizou importantes festivais no início dos anos 2000, continua engajado e qual a importância do músico com este tipo de trabalho?
[Nuvem] Acho que o trabalho que fizemos naqueles festivais foi importante para plantar algumas sementes. Mas hoje minha participação dentro da cena está mais focada em realizar um trabalho de qualidade com a Nuvem. Mas ainda penso muito em como ajudar a nossa cena. Por exemplo: penso que o músico que não está no palco passa a ser público também, e se esse pessoal que gosta de música (isso incluo a nuvem também) fosse mais presente nas apresentações das bandas locais os bares cresceram e consequentemente os músicos terão mais mercado.  Acredito que ações mais simples, porém coletivas tem maior poder do que o sacrifício individual.

[Grito Coletivo] Em 2015 você esteve à frente do Encontro de Bandas, no Café Museu, como analisa o resultado?
[Nuvem] Eu ajudei, mas não posso dizer que estive a frente. Os créditos eu deixo para o Jan e o Nahuel (Undergraal) que correram atrás e organizaram os encontros. (Jan) O Primeiro evento seria uma apresentação informal, só para amigos mesmo. Então conversei com o Cesar que era o responsável pelo Café do Museu ele cedeu o espaço e decidiu abrir o evento ao público. A resposta foi muito positiva tanto para as bandas quanto para o bar. E motivou o segundo que foi preparado para ser realmente um evento focado no público. (Jô) E dali nasceu uma parceria/amizade entre as bandas Nuvem e Undergraal.  

[Grito Coletivo] O projeto continuará este ano?
[Nuvem] (Jan) Não sei. A vontade das bandas é sim realizar novamente o encontro. Expandir a novos convidados e formatos. Porém houve uma fatalidade no final do ano passado que foi o falecimento do Cesar (Responsável pelo Café do Museu). Ele foi fundamental para a realização dos dois eventos. (Doga) Estamos conversando sobre realizar um evento esse ano para homenagear o Cesar. Mas não tem nada definido ainda.

[Grito Coletivo] Depois de uma década atuando na cena local, quais as principais mudanças conseguem identificar na cena atual?
[Nuvem] (Jô) Um crescimento na quantidade e variedade de bandas. Hoje na cidade temos grupos de Rap, várias bandas de Rock, Reggae, Pop, etc. (Jan) E o pessoal tá bem mais preocupado com a qualidade também.

[Grito Coletivo] As coisas ficaram mais fáceis desde lá?
[Nuvem] Não. Ser músico no Brasil é um desafio extremo tanto financeiro como artístico. Ai você traz isso para realidade da nossa pequena cidade do interior só maximiza as dificuldades. Mas o importante é continuar seja por diversão ou profissionalismo.

[Grito Coletivo] Qual a maior deficiência e a maior eficiência da música São Chicana?
[Nuvem] De positivo é a matéria prima! Temos músicos brilhantes, poetas incríveis e até um pessoal empreendedor. De negativo pesa mais o fato de São Francisco do Sul ter um potencial turístico/cultural enorme e não desenvolver esse segmento. O que praticamente obriga o pessoal a sair daqui para crescer.

[Grito Coletivo] Quais os objetivos para 2016?
[Nuvem] Continuar trabalhando é o principal. Sendo compondo ou tocando por ai. 


Contato
Jan (47) 8422-1684 -  janilson.alves@gmail.com
Doga (47) 8461-2226 – camposdelima@gmail.com
Jô Barba (47) 8420-1377 - jonilton@gmail.com

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Entidade Ilícita e o pós punk.

Formada em 2011, a banda de pós punk Entidade Ilícita não perdeu muito tempo, Joey (vocal), Kelwin (guitarra), Jonathan (contra baixo) e André (bateria), foram logo começando a história da banda trabalhando firme somente nas próprias composições e apesar de não terem aparecido muito ao público ainda, tem uma postura bem firme e sabem muito bem o que querem. Na fase final da produção do seu primeiro álbum, é com eles que a gente conversa hoje. Por Paulo Reis.

[Grito Coletivo] Qual o estilo de som que vocês fazem?
[Entidade Ilícita] Pós punk.

Ensaio no 2K Estúdio.
[Grito Coletivo] Quais as principais influências para o som de vocês?
[Entidade Ilícita] A maior influência com certeza é o Joy Divison , pioneiros da cena! Tentamos colocar todos os nossos gostos no som, e o pós punk permite “brincar” com mesclas de estilos. Tanto que cada um dos integrantes curte algo diferente um do outro, e isso beneficiou e muito nosso som, tornando cada música diferente da outra.

[Grito Coletivo] Vocês estão desde o ano passado em estúdio e vi recentemente que o trabalho está concluído, é isso mesmo?
[Entidade Ilícita] É verdade! Nosso primeiro álbum está quase finalizado. Estamos muito animados e eufóricos  com o resultado que alcançamos.

[Grito Coletivo] Onde e quem esta produzindo o CD?
[Entidade Ilícita] Estamos gravando no estúdio 2k e produção esta sendo feita por nós mesmos, tentando fazer algo único e ao mesmo tempo inovador (contemporâneo).

[Grito Coletivo] Quantas faixas são?
[Entidade Ilícita] Bom nesse primeiro projeto da banda resolvemos gravar todas as musicas que estavam em nosso repertório, num total de 14 faixas. Como todas as canções estavam com a mesma atmosfera, não vimos o porquê de não gravar todas elas.
[Grito Coletivo] Pretendem prensar o material?
[Entidade Ilícita] A princípio vamos fazer uma tiragem bem limitada de 100 copias. Se o disco for bem aceito, pensaremos numa tiragem maior no futuro.

[Grito Coletivo] Contem um pouco de como foi a produção deste trabalho?
[Entidade Ilícita] Cansativa e empolgante! Tivemos que regravar várias vezes, vocais que ficavam errados, bateria fora de tempo etc. Mas... Perto do final da produção, ficou muito divertido, começamos a fazer experiências com efeitos e adições de sons nada convencionais. Com tudo foi muito divertido fazer esse trabalho.

[Grito Coletivo] A Entidade é uma banda nova, mas todos os integrantes tem já alguma estrada na cena rock da cidade. Pretendem se engajar nos movimentos que fazem trabalho extracampo, como gestão e produção, grupos, coletivos, associações e etc?
[Entidade Ilícita] Sim! Em nosso município a cena do “rock” é muito obscura, quase não existem eventos para que as bandas mostrem do que são feitas. E se por ventura vier a existir um comitê ou outra coisa do tipo, será bastante útil para nós artistas. Acho que juntos somos mais fortes, separados somos presunçosos. Para que exista uma cena em nossa cidade, devemos caminhar juntos, para alcançar um objetivo em comum.

[Grito Coletivo] Qual a importância do engajamento do músico com este tipo de trabalho de gestão e produção?
[Entidade Ilícita] É uma obrigação! Porque só assim conseguiremos algo concreto para o bem da arte aqui na cidade.

[Grito Coletivo] Vocês ainda não fizeram shows, mas é provável que agora com o CD pronto, estejam pretendendo ir para o palco, correto? Enxergam um bom espaço e oportunidades para vocês na cena atual?
[Entidade Ilícita] Na verdade tocamos apenas uma vez, que foi no domingo histórico aqui em SFS... Tocamos 6 músicas que já tínhamos da antiga formação.
Ensaio no 2K Estúdio.

[Grito Coletivo] Na visão de vocês, o que mais dificulta a cena musical São Chicana de progredir mais?
[Entidade Ilícita] A individualidade dos artistas e os órgãos públicos, ambos estão nadando contra corrente.

[Grito Coletivo] Qual a maior eficiência e a maior deficiência da música São Chicana?
[Entidade Ilícita] Os responsáveis pela gestão cultural da cidade precisam se interar mais com os músicos, sabendo suas necessidades e gerar melhor a administração dos recursos, para que possa ter um companheirismo a apoio aos eventos musicais.

[Grito Coletivo] Pretendem gravar algum clipe?
[Entidade Ilícita] Talvez no futuro, nossos esforços estão focados no termino desse álbum.

[Grito Coletivo] Alguma previsão para o show de lançamento?
[Entidade Ilícita] Estamos pensando em algo perto de maio ou junho, não sabemos ao certo.

[Grito Coletivo] Quais os objetivos para 2016?
[Entidade Ilícita] Divulgar o nome da Entidade Ilícita em shows locais e fora da cidade, divulgando nossas musicas e entreter as pessoas que buscam na musica, uma fuga da realidade.

Queríamos agradecer ao Paulo Reis e o Grito Coletivo pela oportunidade de divulgarmos nossas idéias e metas, valew.  


Face

Contato
Joey
99815198
entidadeilicita@gmail.com

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Tiago Constante: Pedrada na vidraça

Há quase 20 anos na arte São Chicana, Tiago Constante é o camaleão da nossa cena. Aquele que vai fundo, passeia sem medo de um estilo a outro, experimenta e se transforma naquilo que vira em cada coisa que faz. Artista completo, pois além de músico (guitarrista) e compositor, é ativo no que diz respeito às frentes que transformam, para melhor, nossa cultura. E ainda arruma tempo pra produzir e editar os próprios videoclipes e já produziu um curta-metragem. Na vanguarda da arte São Chicana, lançou em 2015 o EP Das Antiga, que já está na segunda tiragem. Ainda em 2015 teve outro ponto alto com uma grande apresentação no festival “Não Vai Ter Coca” (NVTC). Ele inicia o ano com novidades e nos conta o que pensa a respeito da sua arte e da nossa cena. Por Paulo Reis.

[Grito Coletivo] Você lançou seu primeiro EP no início de 2015, o que mudou de lá para cá?
[Tiago Constante] A produção do Das Antiga foi um processo longo e cansativo, visto que eu resolvi assumir a maior parte das funções. Claro que nunca se faz um disco sozinho, e tive parceiros que me ajudaram em diferentes partes do processo. Desde a composição e arranjos, passando por gravar a maioria dos intrumentos (só não gravei bateria porque não sei tocar rsrs), encarte , site, clipes. Enfim, cada tarefa dessas exige muita dedicação e parece que nunca vai ficar pronto. Gostei bastante do resultado sonoro e estético do disco, e a resposta do público também tem sido bem positiva.

Capa do EP Das Antiga (2015)
[Grito Coletivo] No período de pré-lançamento do seu disco, eu escrevi um texto falando que você é o grande e talvez o único músico que imprimiu os elementos naturais e culturais da ilha/praia nas composições, na história da música francisquense, você concorda? 
[Tiago Constante] Bom, eu vejo que essas referências aparecerem na minha música é uma coisa natural, visto que representa a minha vivência, então não teria nem como ser de outra forma. Eu considero inclusive que estas influências estão bem discretas, em função da escolha do repertório mais voltado pro blues. Quem me conhece a mais tempo sabe que tenho uma parte das composições com uma linha bem voltada para o som de praia. Eu não sou dos mais conhecedores da história musical de São Chico mas olhando as músicas que vem sendo produzidas nos últimos anos na ilha, temos algumas referencias bem explicitas à cidade e ao mar.

[Grito Coletivo] O seu EP foi um dos poucos materiais prensados até hoje na cena autoral São Chicana, como analisa hoje a façanha?
[Tiago Constante] Eu acho que foi um processo natural. Até gravar o Das Antiga, eu achava que ja tinha gravado ‘varios discos’. Mas na verdade, tinha só registrado diversas canções de forma caseira, por mais completos que ja fossem os arranjos, a qualidade das gravações era muito baixa. E mesmo nesses trabalhos eu já pirava nas capas e artes graficas. Mas tudo em casa. Quando resolvi finalmente ir para estudio e comecei a ver a diferença de resultado, foi natural que eu quisesse dar este salto de qualidade também na estética do disco e o CD físico fazia parte dessa evolução. Acabei optando por fazer uma tiragem pequena de 100 cópias, que foram vendidas/distribuídas em alguns meses. Agora estou na segunda tiragem, com alguns pontos de venda em São Chico. Eu não considero isso uma façanha, acho que é o caminho natural, mas que muitos não tem a persistência pra chegar no material prensado do jeito que tem que ser, visto que é bem trabalhoso e tudo é custo. Mas vejo também que isso serviu de incentivo pra outros artistas fazerem, cada um na sua maneira, o registro do seu som. No final das contas é isso que importa: o disco é um registro definitivo, palpável, real. Poucas vezes eu fiquei tão eufórico na minha vida quanto quando chegou a camionete da transportadora trazendo a minha primeira caixa de CDs. Fiquei alucinado, joguei um monte de discos sobre a mesa e comecei a fotografar, abri alguns pra ver se tinham vindo tudo certinho. Foi bem louco.

[Grito Coletivo] Seu processo criativo mudou de lá pra cá?
[Tiago Constante] Eu acho que o processo continua o mesmo: primeiro a inspiração, depois a transpiração. Na verdade eu acabei dando uma mudada de foco, porque junto com o disco veio a ideia de fazer clipe de todas as músicas, o que me levou para o audiovisual e animações. Foi outro processo muito enriquecedor como artista. Eu gosto desse lance de não se manter restrito a uma linguagem. No final das contas, me faltou pique para finalizar dois dos quatro clipes. Mas no meio dessas andanças acabei criando alguma coisa aqui outra ali. Agora, depois de um merecido descanso, estou voltando aos poucos a desenhar os próximos passos.

[Grito Coletivo] Você foi um dos poucos artistas francisquenses a se apresentar no Festival “Não vai ter coca” (NVTC), que já é considerado por muitos, um dos mais importantes na região norte e sem dúvida o maior e mais importante da cidade, tocará na segunda edição e qual o resumo da participação no primeiro?
[Tiago Constante] Foda. Muito foda. Essa é a denominação perfeita pra dizer o que foi o NVTC pra mim. Foi sem qualquer sombra de dúvida o melhor público que já toquei na vida. Pessoas interessadas em conhecer coisas novas, em celebrar a vida e a arte. Eu estou acostumado a ver as pessoas pirarem me ouvindo tocar Hendrix ou Floyd, mas ver as pessoas pirando no teu som é bom demais. Quando tu consegue tocar alguem com a tua música, tudo se encaixa. Tem o prazer de criar, lapidar, gravar, ensaiar. Mas o objetivo final é alcançar o ouvinte e tocar a alma dele. E isso é muito difícil de se fazer ao vivo, com música autoral. Principalmente quando se está tocando em bar. O público dos bares infelizmente não está interessado, salvo excessões, em conhecer som novo. Ele quer ouvir o Raul, a Janis, o Elvis, a Legião. Então quando o artista encontra um público que nunca te viu nem ouviu, mas que está sedento por conhecer o teu som, é sublime. Este ano creio que deva rolar uma abertura maior para as atrações locais e espero que tudo corra bem até lá e eu possa ter o prazer de subir mais uma vez naquele palco.

[Grito Coletivo] Você sempre esteve muito conectado e ativo nos principais movimentos musicais da cidade, continua engajado e qual a importância deste envolvimento do músico com a gestão?
[Tiago Constante] Eu penso que é fundamental no desenvolvimento do artista se envolver com o fazer cultural da sua cidade. Ajuda a compreender como o mercado funciona. Tem que meter a mão na massa e dar a cara a tapa. Depois disso o artista pode optar por continuar encabeçando e se envolvendo ou ficar mais na retaguarda. Lidar com poder público é muito difícil. Tudo tem um tempo e vontades estranhas e não lógicas (dentro da lógica do artista, claro) que acabam minando a vontade de fazer alguma coisa pela cena. Aqui em SãoChico temos uma fudeção (opa fundação) cultural que engessa todo o fazer artístico da cidade. Temos um conselho ficticio de cultura, não temos lei de incentivo à cultura. Isso dificulta bastante o diálogo com o poder público. Mesmo a Festilha, que deveria ser o principal palco para os nossos artistas, é uma palhaçada. Não tem um critério para escolha de quem vai tocar e o nome das bandas não sai na programação oficial. Ano passado até a última semana as bandas não sabiam que dia iriam tocar. Isso torna inviável uma divulgação decente para o público dos artistas francisquenses. Enfim, se formos botar na ponta do lápis todos os problemas gerados pela falta de comprometimento dos gestores públicos com a cultura São Chicana não sairemos nunca mais desta pergunta hehe (rindo pra não chorar).

Tiago no 2K Estúdio.
[Grito Coletivo] Você faz parte da geração de bandas/artistas que começaram a tocar no ano 2000, as coisas ficaram mais fáceis desde lá?
[Tiago Constante] Ficou mais fácil por um lado, com todas as tecnologias de gravação e meios de divulgação que as redes sociais nos trouxeram. Mas continua difícil atingir um público mais expressivo devido ao emburrecimento da grande massa, que consome o lixo que lhes empurram goela abaixo nas grandes mídias. E este acesso às grandes mídias continua restrito àqueles que se encaixam nessa pasteurização cultural que acontece desde sempre, mas que parece cada vez pior. Ou talvez eu esteja somente ficando velho e pense como meu bisavô pensava quando Chico, Gil, Caetano, Mutantes etc vieram quebrando paradigmas na cultura brasileira. Mas sem dúvida, hoje é muito mais fácil gravar uma música, um videoclipe com alta qualidade e divulgar entre os seus amigos e tocar as pessoas.

[Grito Coletivo] Qual a maior deficiência e a maior eficiência da música São Chicana?
[Tiago Constante] Acho que as maiores deficiências da música de São Chico são a falta de união entre os músicos, a falta de visão de uma cena mais coesa e mais comunitária, sem tantos egos e com mais profissionalismo; a falta de apoio por parte do poder público também dificulta as coisas, mas, se a cena fosse mais unida, eles não teriam como fechar os olhos e as coisas aconteceriam de outra maneira, como em Rio do Sul por exemplo. O que São Chico tem de bom, musicalmente falando, é a variedade de artistas que vêm se formando e cada vez mais enxergando a cadeia produtiva de outra forma, o que mantém a esperança de que um dia a cena realmente aconteça de forma mais organizada.

[Grito Coletivo] Ouvi por ai que já está em pré-produção um novo disco, é verdade?
[Tiago Constante] Sim, eu estou na reta final da pré-produção do meu segundo disco, que vai se chamar “Pedrada na Vidraça”. Pretendo em breve começar as gravações destas sete faixas, que virão com uma boa dose de realidade e caos. No “Das Antiga” eu levei as músicas para um lado mais lúdico, com canções de amor e um pouco de filosofia nas entrelinhas. Neste álbum vai ser tudo na cara do ouvinte. Só não vai entender o recado quem não ouvir. Sem meias palavras, nem papas na língua. Musicalmente falando, também vai ser um disco mais abrangente que o primeiro. Vou ter desde alguns sons mais funkeados, outras com um peso maior nas guitarras, algumas psicodelias e levadas mais progressivas. Nas letras, algumas abordagens mais bem humoradas e sarcásticas e outras totalmente desprovidas de humor, bem dedo na ferida. Estou bem curioso para ver o resultado desta nova jornada que está se iniciando agora e ainda deve levar pelo menos um ano para chegar aos ouvidos do público.

Frame da animação do clipe de Hoje não tem canção.
[Grito Coletivo] A fusão de blues/rock/surfmusic e estes elementos citados na pergunta nº2 ainda são o foco no seu trabalho?
[Tiago Constante] Como estava falando antes, neste disco haverá uma mudança de foco, mais voltado para os problemas que nós causamos a nós mesmos e ao planeta. Mas sempre terei como influências estes gêneros musicais e estes elementos. Muito provavelmente o meu terceiro disco será mais direcionado para esta estética. Eu tenho diversas canções prontas, só esperando ter o tempo e o dinheiro para virar um disco em homenagem ao mar e ao surfe, que são partes fundamentais de quem sou. Mas agora o foco está voltado para o ser ‘humano’.

[Grito Coletivo] Quais os objetivos para 2016?
[Tiago Constante] Gravar o Pedrada, dar aulas, tentar colocar este novo projeto também no palco. Espero que 2016 seja também um ano de muito estudo. Essa é uma das minhas metas para este ano. Melhorar minha performance e adquirir mais conhecimentos e diversos aspectos da música. Teremos também o NVTC em maio, que pretendo fazer parte desta celebração ao fazer artístico. E que seja um ano de muita música.
Gostaria de agradecer ao Grito Coletivo, do qual me orgulho de fazer parte como artista e como apoiador, e fazer votos para que os artistas da cidade possam enxergar melhor as engrenagens deste mercado musical, e ver que cada um por si se chega a um patamar, mas todos pela cena nos eleva a outro nível. Que 2016 seja um ótimo ano para a cultura São Chicana!!!



Contato
47 96517763
tiago_constante@hotmail.com

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Pé de Bruxa : Até o fim da jornada

A banda Pé de Bruxa, formada em 2013, é sem dúvidas uma das melhores bandas de rock’n’roll da região. Conhecida por fazerem grandes apresentações ao vivo, a maioria dos integrantes já fazia parte da Babiton, banda muito respeitada na cena Metal da cidade. Convergindo para o rock clássico e escrevendo em português, mantendo o alto nível técnico, Rafael Carvalho (baixo e voz), Diego Cabral (guitarra), Jhonny Chitolina (guitarra) e Julio Cesar (bateria) conseguiram em setembro de 2015 lançar o seu primeiro EP: “Que se dane o tempo”, com 06 faixas. Muito bem recebido e elogiado pelo público e crítica o EP é um inicio muito bem cunhado de uma banda que conhece muito bem o bom e velho rock’n’roll. Por Paulo Reis.

[Grito Coletivo] A Pé de Bruxa tem na formação atual quase a mesma formação da banda Babiton, qual o principal motivo da transição de uma para outra banda?
[Pé de Bruxa] Bem, a banda Babiton foi por muitos anos a banda em que se dedicávamos mais, e tínhamos muitos planos para o futuro. Por algum tempo tentamos gravar a compor algumas músicas autorais e divulgar nosso trabalho, mas alguma coisa ainda nos segurava e nada parecia dar certo sempre não passando de um hobby para todos. Veio então à necessidade de criarmos alguma coisa nova, com músicas em português, mas que não deixasse a veia Rock N´ Roll de lado. Surgiu então a Pé de Bruxa e hoje já estamos com alguns projetos finalizados, sendo que de outra forma não poderíamos ter realizado.

EP Que se dane o tempo (2015)
[Grito Coletivo] Vocês lançaram seu primeiro EP em setembro de 2015, como tem sido o feedback?
[Pé de Bruxa] Após o lançamento do EP, a banda se tornou mais conhecida em geral, principalmente na região de Joinville onde ainda não havíamos tocado. Surgiram algumas oportunidades como: apresentações, entrevistas, e participações na Rádio UDESC entre outras. O retorno vem sendo satisfatório considerando a cena ROCK regional, onde ainda há preconceito com a música autoral, forçando as bandas a tocar por baixo cachê e repertório recheado de covers.

[Grito Coletivo] Pretendem prensar o material?
[Pé de Bruxa] No início sim, tínhamos o interesse em prensar o disco, mas por falta de recursos financeiros e a própria mudança na forma de se consumir música, nos fez repensar se era realmente necessário investir em algo que já não é muito apreciado pelas pessoas como o CD. Hoje todo mundo acessa o Youtube ou SoundCloud, assim como as plataformas de Streaming disponibilizadas na internet. Decidimos lançar o disco digitalmente para ter uma ideia da aceitação do público em geral.

Diego Cabral, Jhonny Chitolina, Julio Cesar e Rafael Carvalho
[Grito Coletivo] Vocês foram um dos poucos artistas francisquenses a se apresentarem no Festival “Não vai ter coca” (NVTC), tocarão na segunda edição e qual o resumo da participação no primeiro?
[Pé de Bruxa] Gostaríamos de agradecer a oportunidade oferecida pela organização do evento, foi a primeiro festival em que a banda tocou, a energia das pessoas que realmente curtem o autoral nos fez acreditar ainda mais, que é possível fazer a música chegar a todos. Tocamos algumas músicas covers, pois nosso repertório não contemplava 100% próprias, mas este ano prometemos um show somente com autorais, fortalecendo a cena e preparando o terreno para o próximo EP.

[Grito Coletivo] Vocês fazem parte da geração de bandas/artistas que tocam desde 2000, as coisas ficaram mais fáceis desde lá? O que mudou pra vocês?
[Pé de Bruxa] Sentimos falta da geração que fazia festivais na cidade, como o DUDE Rock entre outros tantos que aqueciam a cena na região. Hoje temos dificuldade em encontrar espaço e o apoio do município para a realização de encontros multiculturais e incentivo a música. Tudo é feito de forma independente.

[Grito Coletivo] Qual a maior deficiência e a maior eficiência da cena musical São Chicana?
[Pé de Bruxa] A maior eficiência é a quantidade e variedade de bandas da cidade, são muitas mesmo. A maior deficiência é a falta de união das mesmas!

[Grito Coletivo] Eu li num texto do lançamento do EP Que se dane o tempo que já estavam trabalhando no segundo EP, a quantas anda a produção?
[Pé de Bruxa] Já estamos com 5 músicas definidas, sendo que a maioria já em ensaio e pré-produção. Esperamos que até outubro o EP saia do forno.

[Grito Coletivo] O EP seguirá a mesma pegada ou será uma evolução do primeiro?
[Pé de Bruxa] Acreditamos que será uma evolução, já que a gravação do primeiro foi um aprendizado para todos. Qualidade e sonoridade certamente iram evoluir com o próximo.

[Grito Coletivo] Quais os objetivos para 2016?
[Pé de Bruxa] R: Estão entre os principais objetivos para 2016 gravar um clipe, disponibilizar alguns vídeos no Youtube, trabalhar na imagem da banda e finalizar o próximo EP. 


PÉ DE BRUXA
Tel e Whatsapp 047 8489-1663
Cyndi Gomes Empresária.
email: pedebruxarock@gmail.com

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Kelwin Grochowiz: A arte de ouvir!

Em 2012 nascia em São chico, para a felicidade geral dos músicos, o 2K Estúdio. Comandado pelo produtor Kelwin Grochowicz, o estúdio vem de forma única dando novos rumos para o autoral independente São Chicano. Kelwin, não só é exemplo como profissional, mas também exemplo de como se deve ver e se trabalhar com uma cena independente. Eu, se ele me permitir ir mais fundo, digo que foi ainda mais longe, largando o trabalho “formal” para viver apenas do seu dom, que acredito seja o sonho de muitos, incluindo eu. O cara certo na hora exata! É com ele que vamos falar sobre o estúdio, a nova estrutura e o que está acontecendo por lá. Por Paulo Reis/ imagens: Paulo Reis.

[Grito Coletivo] Fale um pouco da sua história na cena musical, começou como músico?
[Kelwin Grochowicz] Comecei tocando as músicas da Legião Urbana no violão, com cerca de 10 anos de idade, aos 12 me interessei pela guitarra, depois disso nunca dei uma pausa em relação à música.

[Grito Coletivo] E sua história como produtor, como começou?
[Kelwin Grochowicz] Meu interesse por produção começou aos 15 anos, quando resolvi tentar gravar algumas músicas instrumentais. De lá pra cá foram anos buscando conhecimento em vários segmentos até conseguir montar o estúdio.

Kelwin com a banda Eleanor Fireline.
[Grito Coletivo] Fale um pouco sobre seu trabalho a frente do 2K Estúdio?
[Kelwin Grochowicz] A filosofia de trabalho com o estúdio é simples, sobreviver da música e apoiar artistas principalmente da minha cidade, São Chico. O foco do estúdio é na música independente e alternativa, mas não existe nenhum tipo de preconceito ou preferência por estilo musical, credo, filosofia. Já foi gravado desde trabalhos evangélicos até Black Metal extremo.

[Grito Coletivo] O estúdio mudou de estrutura recentemente, o que mudou?
[Kelwin Grochowicz] O 2k iniciou 2016 em novo endereço, e agora conta com uma sala exclusiva para ensaio, uma técnica e uma sala de gravação, tudo no estilo “Home Estúdio” com ambiente descontraído. Foram adquiridos novos equipamentos também, como uma bateria exclusiva para gravações, adquirida em parceria com a Rockilha Instrumentos Musicais.

[Grito Coletivo] Quantos artistas já passaram pelo 2K até hoje?
[Kelwin Grochowicz] Artistas que gravaram álbuns ou Eps por canal já foram cerca de 15 artistas. Singles, ensaios gravados, vídeos e etc, não tenho um número exato, mas nesses 3 anos foram muitos. Considerando o tamanho da cidade, posso dizer que conseguimos atingir boa parte dos artistas.

[Grito Coletivo] Qual a maior dificuldade de se ter um estúdio em São Chico?
[Kelwin Grochowicz] A maior dificuldade é cultural, a forma de pensar das pessoas em uma cidade como São Chico geralmente se baseia em algo estacionário, demora pra evoluir em alguns aspectos, e isso atinge diretamente os artistas, um exemplo é que a cidade não tem lei de incentivo à cultura, algo básico pra qualquer artista conseguir apoio pros seus projetos.

[Grito Coletivo] Ser produtor é?
[Kelwin Grochowicz] Tecnicamente é conseguir evoluir a cada trabalho, nunca estacionar e sempre aprender algo de bom, e nunca cometer os mesmos erros. Emocionalmente é uma luta constante!

[Grito Coletivo] Como vê a cena autoral hoje, analisando todo este tempo atuando na cena local?
[Kelwin Grochowicz] Vejo a cena autoral nUm momento ótimo em relação à quantidade de bandas que está deixando o cover de lado e fazendo apenas música autoral, nunca vi tantas bandas em São Chico fazendo este tipo de trabalho.  Porém, acho que ainda tem muito o que evoluir na questão da organização da cadeia produtiva, ainda existe muita falta de informação e maturidade em relação à maioria das bandas

[Grito Coletivo] Em sua opinião qual a maior deficiência e a maior eficiência da cena São Chicana?
[Kelwin Grochowicz] Maior deficiência: Falta de maturidade e “preguiça” de buscar informação e evolução coletiva, está cada um por si, e o ego e o orgulho estão falando muito mais alto. Maior eficiência: Grandes artistas, compositores, ótimas músicas.

[Grito Coletivo] Em retrospecto já vimos muitas vezes o 2K realizando trabalhos em parceria com outros produtores da cidade (Película Rock, Inconstante, Rockilha e etc), qual a importância destas parcerias?
[Kelwin Grochowicz] Essas parcerias foram fundamentais para o 2k se manter de pé até hoje, principalmente à Rockilha, que sempre facilitou a aquisição dos equipamentos pro estúdio. Vários projetos foram realizados com parcerias e muitos outros ainda virão.

Parceria c/ Película Rock na gravação audição Felipe Camargo.
[Grito Coletivo] Algum projeto em andamento com estes parceiros para este ano?
[Kelwin Grochowicz] Várias ideias no papel. Para 2016 o 2k está com o projeto “2k Live Sessions” onde artistas se apresentam ao vivo no estúdio com filmagem e produção de áudio profissional. Atualmente está em fase de testes. Quem sabe alguns DVD's em 2016!? Vamos trabalhar pra isso!

[Grito Coletivo] Quais artistas estão trabalhando por ai atualmente?
[Kelwin Grochowicz] Atualmente estão trabalhando: Clã do Subúrbio (novo álbum para 2016 e vários singles) , InCondicional (gravando músicas pro seu primeiro álbum), Velho Teddy (projeto de contação de histórias infantis musicadas), Paulo Reis (iniciando novo álbum em 2016), Elielson Santos (Gravando um Single). Várias bandas estão ensaiando no estúdio também.

Kelwin numa produção com o Clã do Suburbio.
[Grito Coletivo] Tenho visto um trabalho muito forte do Estúdio com a cena Rap, como é esta parceria?
[Kelwin Grochowicz] Desde o início, o 2k vem formando parceria com a cena Rap, que na minha opinião é a mais organizada no momento. Quase 100% dos artistas são unidos e já contam com dois estúdios e produtores independentes de beats. O 2K está sempre gravando, mixando ou masterizando algum trabalho dessas produtoras. Em 2015 o 2k ofereceu um curso de mixagem/masterização em parceria com a Calabouço Records. Muita coisa ainda está por vir, e graças a essa parceria, o Rap de São Chico é um dos mais respeitados do estado.

[Grito Coletivo] Como e de que forma você acha que o trabalho do estúdio ajuda a formatar a cena musical atual?
[Kelwin Grochowicz] Um estúdio que trabalha pela cultura e facilita o acesso aos artistas a um bom nível de produção, até o 2k, não tinha conhecimento de nenhum estúdio com esta filosofia de trabalho na cena... acredito que foi um grande passo pra cena francisquense.

[Grito Coletivo] Quais os principais objetivos do estúdio para 2016?
[Kelwin Grochowicz] O principal objetivo é terminar a estrutura do estúdio que está incompleta, melhorar equipamentos, firmar parcerias e conseguir sobreviver mais um ano com a sensação de dever cumprido. Ainda faltam muitos artistas que não registraram seus trabalhos e o 2k está aí pra isso, ajudar os artistas a evoluir.

Facebook
Site
Soundcloud

Kelwin Grochowicz
Músico-Técnico de Áudio-Produtor
Email: kgrochowicz@hotmail.com
Fone:(47) 3444-3518  (47) 9632-7636
Rua Vereador Salvio Amado Oliveira , 820 -  Rocio Pequeno 
São Francisco do Sul - SC